EnCantar pela Paz – Luís Margalhau

Durante todo o mês de Agosto a Passarola está a editar uma série de artigos e pequenas entrevistas para dar a conhecer os artistas que participam no evento EnCantar pela Paz que, produzido pel’OdezanovedejunhoAssociação de Ideias, decorrerá de 3 a 27 de Setembro no Auditório Madalena Biscaia Perdigão.

Luís Margalhau – contar histórias com imagens e sons

O EnCantar pela Paz vai dedicar a noite de 19 de Setembro ao cinema documental, exibindo, pela primeira vez na Figueira, quatro curtas-metragens marcantes do percurso criativo do cineasta Luís Margalhau.

Luís Margalhau nasceu na Figueira da Foz mas foi na Escola Profissional de Montemor-o-Velho que frequentou, de 1994 a 1997, o Curso de Comunicação Audiovisual que lhe permitiu “encontrar o seu caminho”, iniciando a actividade profissional como operador de câmera, editor de imagem e realizador de cinema documental.

Entre 1999 e 2008, no âmbito da vídeo-reportagem, realizou filmes promocionais e institucionais para a 100imagens Produções Audiovisuais. De 2004 a 2009 foi repórter de imagem em “3810 UA” e “Viva a Ciência”, dois programas da Universidade de Aveiro transmitidos na RTP2, RTP África e RTP Internacional. Em 2007 realizou 4 documentários para os Serviços Educativos da Casa da Música.

A curiosidade e a abertura a outras culturas levaram-no, em 2003 e 2005, à Guiné-Bissau, onde deu Formação na área de Imagem e Edição na Televisão Comunitária TV Kélele e TV Bagunda e em 2023/24, no projecto Ur-GENTECentro de Artes Cénicas Transdisciplinar de Bissau.

A necessidade de encontrar o seu caminho também o levou a aprender mais.

Em 2009/10 concluiu o Curso de Realização Cinematográfica na Restart,
“Instituto de Artes e Novas Tecnologias”, onde, como projecto final, nasceu o documentário “O toque da gaita de foles” e cristalizou a paixão pelo cinema documental, que para ele consiste em “olhar para uma realidade e contá-la através de imagens e sons”.

O fulcro do seu interesse é o universo vulnerável da humanidade frágil das profissões ameaçadas, da inquietação artística individual, da busca de ligação aos outros, do sonho comunitário da educação pela arte, que ele sintetiza em notáveis curtas-metragens que revelam um olhar dotado de rara empatia, competência técnica indiscutível e sofisticada sensibilidade poética.
De 2009 a 2025, tem participado como Coordenador e Orientador de Workshop de Documentário nos Encontros Internacionais de Cinema e Televisão Vídeo e Multimédia, Avanca.
Mil Pássaros no Bairro Padre Cruz(2023) 32 minutos, é o seu mais recente documentário que, seleccionado para vários festivais internacionais, foi premiado duas vezes e vai passar no EnCantar pela Paz no dia 19 de Setembro, numa sessão que se inicia às 21.30h no Auditório Madalena Biscaia Perdigão.

Mas o Encantar pela Paz ainda tem mais três filmes de Luís Margalhau para mostrar nessa noite todos igualmente premiados em vários certames da especialidade, e a cujos trailers pode aceder clicando nos links:

Murmuratorium Rumos e Rumores (2020) 26 minutos
Lapsus Sonoros (2005) 32 minutos
Peixe Miúdo (2002) 16 minutos

A Passarola também lhe fez quatro perguntas, a que ele não se furtou.

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– Como escolhes os temas dos documentários?
– O cinema documental, ao longo dos anos, tem ocupado uma função primordial na sociedade, capturando momentos históricos, cultivando questões sociais e ambientais…
Na maior parte das vezes o tema escolhido são situações que vejo e de que me aproximo e tenho de ter uma certa paixão pelo que está a acontecer, como culturas ou profissões que estão a desaparecer, ou a arte e a educação. Tenho necessidade de comunicar, de contar a história da vida das pessoas com imagens e sons, enriquecendo assim a compreensão colectiva e que permita que o público se conecte emocionalmente com as histórias apresentadas.
Entretanto, na maior parte das vezes é o tema que me escolhe a mim.

Partem de alguma proximidade prévia aos mundos que nos revelas?
– Sim, há sempre uma proximidade, ou conheço bem o tema que vou filmar, pois se não o vivo diariamente, há sempre um determinado momento que tenho de observar, investigar o tema que vou filmar, ou pelo menos filmar aquele ambiente durante dias, para que haja uma certa proximidade das pessoas.

O que te atrai no cinema documental?
– É sempre uma forma de olhar para uma realidade e contá-la através de imagens e sons. mas também destacar a vida quotidiana ou representação de uma vida passada, as mudanças culturais e as experiências individuais que moldam uma época ou arte específica.

Quais são as tuas referências?
– Não podemos esquecer Dziga Vertov, que foi o grande pioneiro do cinema documental; outro nome que gosto muito pela forma como aborda o lado social e humano nos seus documentários é Frederick Wiseman.