EnCantar pela Paz – João Lóio

Durante todo o mês de Agosto a Passarola está a editar uma série de artigos e pequenas entrevistas para dar a conhecer os artistas que participam no evento EnCantar pela Paz que, produzido pel’OdezanovedejunhoAssociação de Ideias, decorrerá de 3 a 27 de Setembro no Auditório Madalena Biscaia Perdigão.

João Lóio, um dos mais bem guardados segredos da música portuguesa

No próximo dia 3 de Setembro, o EnCantar pela Paz vai acolher uma das maiores figuras da música e da cultura portuguesas. Trata-se de João Lóio, que subirá ao palco do Auditório Madalena Biscaia Perdigão com António Durães no espectáculo “Na Casa”.

Aquele que, “graças a uma natureza tímida quase radical e a um carácter anti-protagonista” é, para Sérgio Godinho “um dos mais bem guardados segredos da música portuguesa” nasceu em 1953 em Matosinhos. Integrou o GAC (Grupo de Acção Cultural – Vozes na Luta) em 1974 e tem desde então mantido uma intensa actividade como autor/compositor de canções e uma extensa participação como intérprete (a solo e em parcerias) em inúmeros espectáculos e registos discográficos. Como compositor e director musical tem também trabalhado para o cinema e com grupos teatrais de todo o país.

São de sua autoria imensas canções que se tornaram populares nas interpretações de Jacinta e Sérgio Godinho, Gisela João, João Afonso, Jorge Palma, José Mário Branco e Maria Rosário Ferreira, Zeca Medeiros, Júlio Pereira, e Maria Amélia Canossa e Manuel Barros (cantores populares icónicos do Porto).

Um coro comunitário e espontâneo no Porto, o coro coragem, que inventou ainda este ano um concerto só com canções de João Lóio, chamado “João Lóio é para cantar”. Encheu o Passos Manuel em duas ou três noites consecutivas.

Aqui é o José Mário Branco que canta… O sonjoón do poarto, carago! (letra de João Lóio).

As coisas do GAC (grupo de acção cultural), que eram normalmente colectivas, têm obviamente autores. Esta, por exemplo, é de João Lóio (letra e música) e é ele mesmo que canta, entre o ir e vir e ir e vir e vir e ir e… que A GREVE É NOSSA:

João Lóio também foi um dos principais responsáveis do grupo de transcritores da obra integral de José Afonso – traduzindo os registos sonoros (das baladas coimbrãs às canções de intervenção) para registos gráficos que possibilitaram a publicação de partituras, letras e diagramas de acordes das 159 canções de José Afonso: “José Afonso – Todas as Canções” (ed. Assírio & Alvim, 2010).

“Na Casa”, de João Lóio e António Durães é, nas palavras deste, um espectáculo de um cantor e de um actor, “Como se estivéssemos NA CASA. Com este propósito: o cantautor canta as suas canções, numa selecção que concorre com as palavras faladas; e o actor diz as suas palavras, faz as suas narrativas, sendo que também é uma voz autoral.” – “Logo à partida, fala da amizade, esse continente incontornável, procura até defini-la; fala do espectáculo (teatral ou outro), tal como ele vai sendo frequentado pelas vozes que os convocam; dos medos que esse problema de habitação (habitação do edifício performativo) faz medrar; fala da personagem, essa criatura mediúnica, que está entre o artista e a narrativa, sendo veículo essencial dessa narrativa; fala dos diferentes passados (sem querer ser um espectáculo autobiográfico, mas sendo-o), e de um sem número de outros assuntos, todos os que cabem em cerca de hora e meia de espectáculo, que é o tempo que este espectáculo tem”.