Pretendendo dar vez e voz a numerosos artistas habitualmente afastados dos espaços convencionais – preteridos, por infeliz costume instituído, pelo “pronto-a-consumir” rotineiro e medíocre dos sub-produtos enlatados da indústria do entretenimento – Odezanovedejunho – Associação de Ideias decidiu produzir um evento que apresente ao público da Figueira da Foz formas seguramente mais estimulantes e instigantes de reflexão informada, deleite estético, diversão inteligente.
Não obstante, e porque não habitamos distraídos uma torre de marfim – num momento em que o brio macabro da irracionalidade parece expandir-se outra vez num vórtice armamentista à escala internacional – até entre nós se levanta hoje de novo o esplendor anedótico de um nobrepovismo e de um nacionalvalentismo que talvez já considerássemos ultrapassados – decidimos consagrar este evento à Paz e nomeá-lo EnCantar pela Paz.
Para isto concebemos um programa eclético, cujo cartaz é inteiramente preenchido por artistas e criadores figueirenses, alguns de reconhecida notoriedade nacional e todos inequivocamente comprometidos com o mesmo propósito – convocar quem vier por bem a uma reflexão assertiva sobre esta infeliz conjuntura e a uma atitude consequente contra a propaganda insana de preconceitos raciais, narrativas psico-patrióticas e paranóias securitárias que a tornaram possível.
O evento, que decorrerá no Auditório Madalena Biscaia Perdigão, inaugura no dia 3 com a exposição de fotografia “Portas e Janelas”, de David Fadul e com o espectáculo “Na casa”, de António Durães e João Lóio, prolonga-se por quase todo o mês de Setembro num programa aliciante de concertos e recitais, o lançamento de um livro de caricaturas e exibições de filmes (curtas e longas-metragens) e encerrará no dia 27 num “beberete de cumplicidades”, um convívio informal e aberto entre a organização, os participantes e o público, no jardim interior do Museu Municipal. O dia 21 de Setembro, Dia Internacional da Paz, terá uma programação especial.
